Protocolo do Segundo Encontro

No segundo lidamos com a PRONTIDÃO - elemento, como vimos, imprescindível para a vida do ator. Exercícios de corpo. Jogos. Avisos. Interações e muito dinamismo marcou o segundo dia de imersão. Aqui também tivemos a condução da atriz Thaís Dias e do ator Jefferson Matias. Nesse encontro ficou responsável por nos relatar um pouco da experiência vivida a oficinanda Danielle do Nascimento. Vejamos:

Antes de conhecer as pessoas com mais facilidade, de conhecer um pouco a história do teatro era uma pessoa fechada com a vida e com todos. Não me abria... deixava com que a raiva falasse mais alto. Agora que faço parte de um grupo maravilhoso, que sabe sentir o que realmente queremos mostrar, que se preocupa não só com os seus conhecimentos, mais também com seus objetivos, sonhos e SAÚDE! Vejo tudo com mais clareza... é claro que um pouquinho de rabiscos..mais sinto que meu humor mudará..e saberei fazer mais amizades. No teatro, são pessoas que tem conhecimento do que estão fazendo, são pessoas preparadas pra nos mostrar tudo aquilo que sabem, que um dia aprenderam assim como nós estamos hoje!!

Pretendo sair de lá com uma cabeça mais formada, cheia de idéias novas. Adquirindo mais conhecimentos. Pretendo nunca parar com o teatro... adoro me aparecer... e o teatro vai me ajudar muito com isso. Perder o pouco de vergonha que ainda me resta. Adoro todas as aulas, são todas cheias de criatividade, muita alegria e diversão! Todas com intenção de nos conhecermos melhor, de podermos relaxar e deixar a preocupação de lado.

Bom, por enquanto é isso!!

Danielle do Nascimento

O Espaço Sagrado e a Sacralização do Mundo

Segundo Mircea Eliade “para o homem religioso, o espaço não é homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras, há porções de espaço qualitativamente diferente das outras. (...) Essa não –homogeneidade espacial traduz-se pela experiência de uma oposição entre o espaço sagrado – o único que é real, que realmente existe – e todo o resto, a extensão uniforme, que o cerca.

O espaço homogêneo é neutro: nenhuma rotura diferencia qualitativamente as diversas partes de sua massa. O espaço geométrico pode ser cortado e delimitado seja em que direção for, mas sem nenhuma diferenciação qualitativa – e, portanto, sem nenhuma orientação de sua própria estrutura. Basta lembrarmos da definição do espaço dada por um clássico da geometria. (...) A revelação de um espaço sagrado permite que se obtenha um “ponto fixo”, possibilitando, portanto, a relatividade do espaço.”

Para compreendermos melhor a nomenclatura “espaço sagrado” e trazermos um pouquinho mais para perto de nós Mircea Eliade afirma que “existem, por exemplo, locais privilegiados qualitativamente diferentes dos outros: a paisagem natal ou os sítios dos primeiros amores, ou certos lugares na primeira cidade estrangeira visitada na juventude. Todos esses lugares guardam, mesmo para o homem mais francamente não religioso, uma qualidade excepcional, “única”: são os lugares sagrados do seu universo privado, como se neles um ser não religioso tivesse tido a revelação de uma outra realidade, diferente daquela de que participa em sua existência cotidiana.”

Essa é dimensão de sagrado que tentamos atingir quando adentramos ao palco, um lugar sagrado para todos os que o habitam o espaço para a manifestação dos sentidos.

É isso ai pessoal. Qualquer dúvida, perguntem aqui. Esses textos nos servem de guia para que quando algumas dessas expressões forem citadas ou comentadas nas imersões, nós tenhamos um pouco de parâmetros sobre seus significados.

Evoé!!!

Vânia Lima

Referência:

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Tradução Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Brecht

Lembram-se do tal de Brecht que comentamos na postagem sobre o Protocolo? Pois bem, guardem bem esse nome! Fucem ele pela internet, orkut, youtube, pois iremos falar bastante desse grande cara ainda. Aproveito o post para apresentá-lo (por enquanto por foto), uma vez que ele faleceu em 1956 na Alemanha. É dele também um importante poema que gosto muito “O Analfabeto Político” que segue junto à foto.

Alguns Avisos

1 – Nosso próximo encontro, como todos sabem, é no próximo domingo, dia 24, às 14h;

2 – O tema do segundo encontro será A PRONTIDÃO;

3 – Não se esqueçam da “roupa de guerra” para os exercícios no domingo;

4 – Nossa amiga de oficina Anágela nos solicitou autorização para vender lanches naturais nos intervalos. Ótima idéia!!!

5 – Não se esqueçam de confirmar a presença nos encontros. Teve pessoas que não confirmaram e correm o risco de ficar com falta. Verificar isso!

6 – Boa notícia: conseguimos a utilização do hall para o próximo domingo. Mesmo assim, como combinado, nos encontraremos na frente da Sala 2. Até lá!

Protocolo do Primeiro Encontro

Nosso primeiro encontro se deu em meio a muita diversão e pelo que parece muitos descobrimentos. A primeira imersão foi brilhantemente conduzida pela atriz Thaís Dias, que também coordenou as atividades do dia. Também auxiliaram nesta imersão a atriz Vânia Lima, o musicista e ator Fabrício Zavanella e o ator Adriano Mota. Nosso encontro teve como tema central o ESPAÇO. Para esse primeiro encontro o oficinando Ademir Barbosa Júnior, o Prof. Dermes, escreveu um relato de suas impressões e nos presenteou com um lindo poema do Murilo Mendes.

“Osho, controvertido mestre indiano e terapeuta holístico, afirma mais ou menos o seguinte: um homem pleno não caminha: dança; não se movimenta: faz arte; não fala: faz poesia. Acho que todo mundo experimentou ao menos um pouco dessa plenitude no primeiro encontro com o Grupo Forfé.

As atividades foram bem dinâmicas, respeitando a experiência, o tempo e a disposição interna de cada um. Afinal, o objetivo é o de despertar potencialidades, e não colocar etiquetas do tipo “este é solto”, “aquela é tímida”, pois ao longo do dia interpretamos vários papéis, e se alguém nos diz “nossa, nunca imaginei que você fosse capaz de...” é porque tal pessoa tem uma imaginação fraquinha! Cada um de nós é um universo...

E meu universo curtiu todos os exercícios: os de respiração, relaxamento e localizados porque abraçam anos de prática de Ioga; os de interação por me aproximarem dos colegas. Os desafios que encontro vêm da dificuldade de lembrar os nomes (Desculpem, eu tento: alguns eu ouvi mais de cinco vezes, mas, em virtude das singularidades, eu me lembro apenas do Poeta e do Marcelão. Ah, sei que também há uma Priscila porque... sempre tem uma Priscila), de postar a voz em determinados tons e de tropeçar por nem sempre enxergar bem o chão, já que a miopia é alta (bom, isso deve facilitar o exercício de cair ao chão!).

Meu sentimento é de gratidão aos professores e aos colegas. Mudei-me para Piracicaba faz um mês e meio, e as oficinas têm sido uma ótima maneira de conhecer pessoas, a arte e as inquietações da cidade.” Dermes

(E-mail: prof.dermes@yahoo.com.br; Orkut: Dermes; MSN: abjdermes@hotmail.com)

A outra infância

Meninos que daqui não vejo

Dançam e cantam de roda no terreiro ao lado.

O menino que também brincou de roda

Seria mesmo eu? Creio que não.

(Viramos crianças

Ao imaginar a criança que não fomos.)

Já era outro menino, já pensava,

Iluminando-me com duas luas

- Uma na cabeça.

[Murilo Mendes, Poesia Liberdade]

Protocolo

O Protocolo ou Diário de Bordo é uma prática utilizada no teatro desde há muito tempo. O protocolo, à grosso modo, é um registro dos ensaios, das oficinas, de testes, de vivências, das aulas de teatro. O protocolo é, pois uma ferramenta importantíssima capaz de promover uma reflexão contínua das experiências vividas em sala de ensaio. Quando lido, o protocolo nos leva a uma nova-outra reflexão. Ele pode ser meditativo, reflexivo e até mesmo confessional. Em linhas gerais as praticas experimentadas podem ser relatadas em forma escritas, gravada em áudio e/ou vídeo, em forma de desenhos, poemas, pinturas etc.

A origem do protocolo em teatro é ligada muito possivelmente a uma metodologia de um dramaturgo e encenador alemão chamado Bertolt Brecht, num dos momentos em que ele se questionava sobre a função pedagógica do teatro.

Em meio às novas tecnologias e o amplo acesso à internet, nada mais proveitoso que mudemos a forma de se fazer o protocolo, mas nunca a sua função dentro de um grupo. Por isso, propomos que esse diário seja feito via um blog para um amplo acesso de todos os participantes, entre oficineiros e oficinandos e curiosos em geral. Aqui vale tudo: relatório mais ou menos formal, fotos, vídeos, desenhos, poemas, aforismos etc.

Ahh a única regra do jogo é: SE VISITOU, TEM QUE COMENTAR!!!

Felipe de Menezes

Esclarecimento

O PROJETO

O Projeto Oficinas Comunitárias é a fatia de um projeto maior denominado Forfé: 10 anos de (r)existência, rumo à renascença idealizado pelo Grupo de Estudos Teatrais Forfé em comemoração aos seus 10 anos de atividades ininterruptas. Serão oferecidas gratuitamente à população piracicabana oficinas de imersão teatral conduzidas pelos próprios atores e diretores do Grupo. Nessas oficinas serão abordados conteúdos teóricos referentes à história do teatro e, sobretudo, atividades práticas como jogos e exercícios de interpretação, além de vivência musical. O projeto foi um dos selecionados pelo FAC (Fundo de Apoio à Cultura) – edição 2009.



OFICINA X IMERSÃO

O processo de contato com o teatro não será o de oficina nos moldes tradicionais - que já estão ultrapassados e por demais de esgotados. A imersão é o termo mais adequado para o que faremos nessas atividades. Conhecer e se aproximar do teatro através de um ponto de vista previamente determinado será o mote para a vida desta imersão – o que a torna de certo modo muito particular em comparação ao modelo visto e repetido constantemente em nossa cidade. Um processo cuidadosamente pensado, embasado e articulado entre os integrantes do Forfé propiciará ao participante um olhar crítico sobre o seu próprio fazer artístico. Ao mesmo tempo em que pratica, pensa e critica. Faz perguntas e encontra respostas coletivas.



O QUE VAMOS TRABALHAR

Jogos Teatrais

Vivência Musical

Voz Cantada

Experimentações Corporais

História do Teatro

Interpretação

Encenação



PERÍODO/LOCAL DA IMERSÃO

A imersão acontecerá a partir do dia 17, às 14h, na Sala 2 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”. Serão ao total 11 (onze) encontros todos os domingos de janeiro, fevereiro e março sempre das 14h às 18h30, no Teatro Municipal de Piracicaba (Sala 2).



PÚBLICO ALVO

Interessados em geral acima de 15 (quinze) anos de idade com ou sem experiência em teatro. Será formada uma única turma de no mínimo 5 (cinco) e no máximo 30 (trinta) pessoas.





EQUIPE



Adriano Mota

Jogos/ Administração



Thaís Dias e Vânia Lima

Interpretação



Fabrício Zavanella

Música/ Voz



Denilson Oliveira

História



Jefferson Matias

Corpo



Marcos Rogério de Sousa (Sassá)

Vídeo



Luís Cláudio Fugolin

Técnico



Carlos Cipriano e Eva Prudêncio

Representantes da Secretaria Municipal da Ação Cultural



Felipe de Menezes

Coordenação Pedagógica