1º encontro "O ESPAÇO"

BEM-VINDOS

Este blog tem por missão REGISTRAR o processo de Imersão Teatral que o Grupo de Teatro Forfé está desenvolvendo durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2010 junto à comunidade piracicabana.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais um Protocolo do Sétimo Encontro

(...) cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar (...)”. Este trecho de conhecida oração, muito popular no Brasil e musicada por Jorge Ben Jor, demonstra o quanto as amarras prejudicam nosso desenvolvimento. Mas cordas também podem ser instrumentos de libertação, de transcendência, de cura, como vivenciamos no encontro da semana anterior, e as correntes podem ser de companheirismo e atenção para com o colega, o parceiro, a fim de formar uma coreografia, cada um a seu modo, mas ao mesmo ritmo, com a mesma pisada, o mesmo pulo.

Brincar é sempre consciente. As crianças brincam com seriedade e por isso se divertem tanto. E, claro, dá até para brincar sozinho, mas o gostoso é a interação. E interação pede confiança. Ou como se deixar carregar nas costas do outro, como erguer o outro nas próprias costas, independentemente de seu peso, de sua idade, de sua história?

O teatro é sempre interativo, pois mesmo no caso de um monólogo, existe a relação com a plateia, todo o trabalho anterior de preparação, o diálogo com o diretor e os demais envolvidos na montagem. Não dá para fazer teatro sozinho! Ainda bem...

Nesse sentido, interajo com Stanislavski (tema da primeira parte do encontro). Como ele demonstra no primeiro capítulo de “A preparação do ator”, preparar-se sem conexão com o conjunto do que vai ser representado é algo bastante deslocado. Mas mesmo esse deslocamento, tal qual demonstra o narrador, pode ser ressignificado quando se desenvolve uma consciência maior sobre a representação, já que nenhuma experiência é perdida. Importa muito ousar, testar, e não repetir-se mecanicamente (aliás, na vida, a repetição mecânica de algo – consciente ou inconsciente – nada mais é do que neurose). No segundo capítulo, o autor deixa claro que o teatro não existe porque alguém é a bailarina tchtchuquinha da vovó ou o carinha engraçado do 2o. B. Mas, acredito que (e espero que Stanislavski também), como nenhuma experiência é perdida, mesmo essas pequenas motivações podem levar alguém a amar o teatro. E amor pede comprometimento e disponibilidade, não cordas e correntes que amarrem.

Para mim, foi muito importante fazer alguns dos exercícios sem óculos. É um grande desafio encontrar alternativas de conexão com os colegas, cujos olhos abertos não consigo visualizar, bem como marcar o espaço, os objetos etc. O que não vejo, invento! E não costumamos fazer de olhos fechados algumas das melhores coisas da vida, como beijar e degustar (algo ou alguém) muito saboroso?

Fecho os olhos para ver melhor.” (Paul Gauguin, pintor)

Fecho o texto e me abro para o próximo encontro!

Evoé a todos!

Dermes

E-mail: prof.dermes@yahoo.com.br; Orkut: Dermes

EU DANÇO!

Eu danço manso, muito manso,

Não canso e danço,

Danço e venço,

Manipanso...

Só não penso...

Quando nasci eu não pensava e era feliz...

Quando nasci eu já dançava,

Dançava a dança da criança,

Surupango da vingança...

Dança do berço:

Sim e Não...

Dança do berço:

Não e Sim...

A vida é assim...

E eu sou assim.

... ela dançava porque tossia...

Outros dançam de soluçar...

Eu danço manso a dança do ombro...

Eu danço... Não sei mais chorar!...

Mário de Andrade

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